O diretor presidente da Minerva Foods, Fernando Galletti de Queiroz, voltou a afirmar que o cenário de oferta de gado está cada vez mais favorável no Brasil. “Já estamos sentindo a virada do ciclo pecuário”, afirmou o executivo, nesta terça-feira, (9/5), em teleconferência com analistas sobre os resultados do primeiro trimestre de 2017. A empresa projeta uma maior disponibilidade de gado para o abate para todo o ano de 2017 e 2018, como reflexo da combinação entre a sobra dos animais que deveriam ter sido abatidos no último ano e a inversão do ciclo pecuário para a fase de maior oferta de animais, “pois já observamos os primeiros sinais de nível maior de abate de fêmeas e contração da margem da atividade de cria”, disse Queiroz.
Além disso, o ajuste de capacidade da indústria, em virtude da recente redução na demanda interna, fruto da Operação Carne Fraca, também acabou por causar impacto na demanda por gado bovino. Esses fatores, juntos, reduziram em mais de 10% o preço médio da arroba do boi em relação ao mesmo período de 2016, em termos nominais. O preço médio da arroba no primeiro trimestre de 2017 caiu 3,1% em relação ao trimestre anterior e 5% em relação ao primeiro trimestre de 2016, e atingiu a média de R$ 145,6 a arroba.
O principal questionamento dos analistas foi sobre a influência da Operação Carne Fraca, divulgada pela Polícia Federal no dia 17 de março, nos resultados da empresa. A investigação levou à suspensão temporária de países importadores de carne brasileira. “Tomamos uma medida conservadora de segurar os embarques”, relatou Queiroz. A empresa reteve estes volumes por cerca de dez dias nos portos e nas indústrias, o que gerou custos de estoques e consumiu fluxo de caixa livre. “O que estava sendo produzido foi mantido ou nos portos ou nas fábricas, mas a partir de abril a situação foi praticamente regularizada”, garantiu.
O executivo disse, ainda, que agora as exportações brasileiras estão “normalizadas“. No mercado brasileiro, o efeito da investigação para a Minerva se deu no mix de vendas, pressionando o consumo de produtos processados. “As carnes in natura sofreram um pouco menos”, disse. O executivo ressaltou, no entanto, que o principal motivo de redução de consumo por ser atribuído à situação econômica do Brasil, “muito mais do que a Operação Carne Fraca”. Os reflexos da operação da PF também chegaram ao mercado físico do boi gordo.
A Minerva precisou elevar a quantidade de compra de gado à vista, em detrimento das aquisições a prazo, pela postura dos pecuaristas e dos concorrentes que deixaram de fazer este tipo de negócio. “Em determinado momento da Carne Fraca, em algumas regiões, a Minerva era o único frigorífico comprando gado à vista”, afirmou o diretor Financeiro da Minerva, Edson Ticle. O ciclo de pagamento de fornecedores caiu de 27 dias no quarto trimestre de 2016 para 26 dias no primeiro trimestre deste ano.
Fonte: Globo Rural